Entrevista Com Um Empreendedor – Thiago Carvalho

A alguns anos atrás entrevistei quando ainda estava na graduação entrevistei o Thiago Carvalho, um dos sócios fundadores da Bugware que mais recentemente se tonou a ABXY, as para a matéria de Empreendedorismo e Administração. Na qual foram feitas algumas perguntas  referentes a os desafios de criar uma startup que desenvolve jogos eletrônicos é sua jornada como empreendedor.

Me lembrei desta entrevista por uma acaso enquanto arrumava alguns arquivos antigos e achei que seria uma leitura bastante informativa e interessante.  Ela feita durante o primeiro semestre de 2013, a seguir esta postada na integra com a devida autorização do entrevistado.

Entrevista com um empreendedor

ABXY Entertainment

Esta entrevista foi proposta como trabalho relativo à primeira unidade da disciplina de Empreendedorismo ministrada pelo professor Sérgio Lins, no curso de Bacharelado em Engenharia de Computação da Universidade Potiguar (UnP). O nosso grupo e composto por quatro alunos: Alex Pereira, Adson Oliveira, Jonas Honorato e Saulo Daniel.

Hoje estaremos entrevistando Thiago Carvalho o co-fundador da empresa ABXY Entertainment (antiga Bugware Entertainment) produtora especializada no desenvolvimento de conteúdos interativos, especialmente desenvolvimento de jogos on-line, advergames, mobile games, jogos de ultima geração e variados. Que possui sua sede no Núcleo de Incubação Tecnológica do IFRN Zona Leste.


I. Perguntas para obter informações gerais


A – IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR


Dados pessoais relevantes:

Thiago Carvalho de Sousa; 96044636.

Dados da empresa:

ABXY; Av. Senador Salgado Filho 1559 – NIT; 8831 1111.

Setor de atividade e produtos:

Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos

Número de empregados: 3

Lista dos departamentos (processos?): 5


B – HISTÓRIA DO EMPREENDEDOR


Grupo:

Como e a história de sua família?

Thiago Carvalho:

“– Meu avô começou seu primeiro negócio com uma padaria, hoje o centro comercial de goianinha tem seu nome em sua homenagem. Minha mãe é cabelereira e tem seu próprio salão. Meu pai nunca abriu negócio mas sempre investiu na bolsa. Mas quem mais me influenciou foi meus amigos de infância empreendedores.”


Grupo:

Qual e sua posição dentro da família?

Thiago Carvalho:

“– Eu sou minha única família atualmente.”


Grupo:

Qual é o seu nível de instrução e educação?

Thiago Carvalho:

“– Mestrando em Administração.”


Grupo:

Quando a empresa foi fundada, qual o envolvimento que tinha com o produto e/ou serviço.

Thiago Carvalho:

“– Quando montei a empresa já havia 1 ano de experiência em desenvolvimento de jogos caseiros. Meu TCC foi um framework para desenvolvimento de games em Flash.”


Grupo:

Descreva a evolução da empresa até o momento.

Thiago Carvalho:

“ – A empresa foi fundada em 2009 com o nome de Bugware, graças ao PRIME – Programa Primeira empresa onde fomos umas das 120 empresas mais inovadoras a receber um fundo de subvenção, produzindo jogos independentes, mas já havíamos começado as atividades em 2008 em fundo de garagem, também tentamos trabalhar com advergames, mas o mercado local não era favorável, em 2010 terminamos nosso primeiro demo de jogo independente, o Cock Fighter feito em XNA, chegamos a ser finalista no BRGAMES de 2009 e um dos 20 finalistas do Dream Build and Play do ano de 2009, no final de 2010 haviam 6 sócios, nesse ano a sociedade da empresa se desfez por ausência de recursos financeiros e eu passei a ser o único empreendedor e a empresa passou a se chamar ABXY. Desenvolvemos em 2011 jogos menores para Iphone e Android, mas não achamos que seria um mercado muito promissor, ansiávamos mais, e estávamos fugindo do foco da empresa, além de um dos jogos ter dado um defeito crítico, devido a engine Torque, foi nesse momento que decidimos mudar de engine para Unity 3D, onde desenvolvemos mais 2 jogos, mas que foram queimados devido a fuga do foco. Em 2012 retomamos o foco, colocamos todas as idéias dos jogos no papel e escolhemos um deles para começamos a produzir God of Metal, além começamos a fazer um remake do nosso primeiro jogo que havíamos parado de produzir o Cock Fighter. Nós somos 100% auto financiados, pois somos independentes. E temos idéias já para os próximos 10 anos de produção. Hoje estamos com diversos parceiros, principalmente a microsoft e sony. Temos a Steam, Intel e tínhamos a Google e Apple, mas saímos do ramo de mobile.”


Grupo:

Quais são suas atividades preferidas?

Thiago Carvalho:

“– RPG, Namorar, Viajar, Artes Marciais, Aventurar, Ler, Aprender, Empreender, Lecionar, Ver filmes e séries.”


Grupo:

Descreva o funcionamento da empresa, em relação ao ambiente e mercado em relação à organização interna e aos empregados.

Thiago Carvalho:

“– A empresa desenvolve jogos no intuito de criar seus gêneros favoritos, não visamos o lucro, tanto que queimamos tantos barcos anteriores por insatisfação, por sermos independentes fazemos do jeito que queremos, os jogos são colocados em ambientes virtuais onde é feito a compra pelo console e feito o download do mesmo, mas as publicadores tem algumas exigencias especificas do ambiente e também ficam com 30% de todo lucro, justo, pois distribuem mundialmente, o governo americano também cobra uma porcentagem senão me engano é 7%, e o governo brasileiro mais 17%.

A empresa tem seus processos bem definidos e organizados, mas gostamos de trabalhar de forma prazerosa e caótica, os funcionários chegam e saem a hora que quiserem, utilizamos uma técnica de gerenciamento de tempo chamado pomodoro, cada pomodoro trabalhamos focado a cada 25 minutos e descanamos 5 que é um tempo de tomar um café ou ir no banheiro, e a cada 4 pomodoros descanamos 1 pomodoro, tudo é registrado, trabalhamos por resultados. No pomodoro de descaço é um tempo onde o empregado pode fazer o que desejar, jogar, lanchar, ir pra redes sociais, etc. Além disso temos um quadro onde monitoramos o humor e satisfação dos profissionais, sua produtividade, fazemos reuniões semanais onde usamos uma técnica chamada 6 chapéus, onde revemos por diversos ângulos os dados, problemas, ideias, o que foi bom, o que gostam ou que não gostam. Temos também exercícios com o corpo, antes de começarmos as atividades, além de utilizarmos um quadro de modelo de negócios da empresa e do profissional para sua evolução. Também oferecemos percentagem do lucro do produto e treinamentos. Premiações semanais, mensais e trimestrais. Temos milhares de métodos para energizar a equipe, todos tem poder de criação, sabem quais são suas restrições que eles mesmos criam, desenvolvemos competências, crescemos a estrutura mas queremos nos manter uma equipe pequena para mantermos o foco na criatividade, melhoramos tudo aqui. Não temos visão nem missão pois achamos isso tosco porque ninguém lembra, pergunte a um funcionário se ele sabe a visão ou missão de sua empresa, ninguém sabe, temos um mantra no lugar de visão e missão:

  • Criar nossos gêneros 2d favoritos!

Temos mais 3 mantras internos pra produção:

  • Faça isso agora!
  • Mantenha as coisas simples!
  • Melhoria contínua! ”


Grupo:

Quais as atividades que mais ocupam o seu tempo?

Thiago Carvalho:

“– As atividades que mais ocupam meu tempo são a de programação e animação.”


Grupo:

Quais atividades que dão mais resultados?

Thiago Carvalho:

“– As atividades que dão mais resultados é o brainstorming e a fase conceitual do jogo, assim como os mockups do jogo que servem de direcionamento para produção.”


C – PERGUNTAS GERAIS


Grupo:

1.O quê você poderia contar ao grupo a seu respeito antes de começar o seu primeiro negócio?

Thiago Carvalho:

“– Eu era preguiçoso e sempre fui preguiçoso, nunca gostei de concurso e acho que nunca vou gostar. Mas trabalhar com o que gosta fez eu ter atitude, me sentir feliz e me sentir bem. Se eu parar de empreender me considere um walking dead.”


Grupo:

2. Os seus pais, parentes ou amigos próximos eram empreendedores? De que forma?

Thiago Carvalho:

“– Meu avô era dono de padaria, hoje o centro comercial de goianinha tem seu nome. Minha mãe dona de salão de beleza. Quando criança tive meu primeiro negócio eu vendia jogos com meu melhor amigo e isso influenciou bastante. Hoje ele tem uma empresa que desenvolve software mobile e eu tenho a minha de desenvolvimento de jogos.”


Grupo:

3. Você tinha algum modelo?

Thiago Carvalho:

“– Meu primeiro modelo foi meu melhor amigo. Mas tive outros modelos, como Steve Jobs, Bill Gates, Mark, os carinhas da Google, Pixar, Disney, The Behemoth, Klei, até pra me arrumar tenho modelos, Brad Pitt, Beckerham, Tom Cruise (risos).”


Grupo:

4. Qual foi a sua educação? Analisando a posteriori, ela foi útil? De que forma, especificamente?

Thiago Carvalho:

“– Quando comecei o negócio eu só era formado. Toda educação é válida. Não parei de estudar até hoje, fiz especialização, hoje faço mestrado e pretendo ter doutorado. A educação ajuda a ampliar os horizontes.”


Grupo:

5. Qual era a sua experiência anterior no trabalho? Ela foi útil? Qual experiência particular foi especialmente importante e qual foi irrelevante?

Thiago Carvalho:

“– Minha experiência era com desenvolvimento. Foram úteis de certa forma, pois me estimulou a programar. Mas o que eu gostava mesmo era de jogos. Hoje curto a gestão, seja do projeto, de sua produção, das pessoas, da empresa. É muito estimulante ta participando de todo o processo, do inicio da criação ao produto final.”


Grupo:

6. Em particular, você tinha algumas experiências em vendas ou marketing? Quanto foi importante esta experiência ou a sua falta na criação da sua empresa?

Thiago Carvalho:

“– Não tinha experiência e ainda não tenho. Quem faz isso tudo pra mim é a Microsoft e a Sony. Eu só tenho idéias criativas. Não fez diferença pra mim porque terceirizei, a gente tem que aprender o que não sabe ou fazer como eu: delegar o que não sabe.”


Grupo:

7. Como você começou o negócio?

Thiago Carvalho:

“– No fundo de garagem, depois viemos pra incubadora da IFRN aonde estamos atualmente, e logo estaremos tendo nossa primeira sede, espero comprar um lugar tão grande quanto o IFRN ou a UFRN (risos). Brincadeira! Quero ter nossa sede, mas não quero que a equipe ultrapasse de 9 pessoas, pois perderíamos o coração da empresa.”


Grupo:

8. Como você localizou a oportunidade? Como ela veio à tona?

Thiago Carvalho:

“– Eu percebi que a indústria de jogos era a maior do mundo, só perde pra água e cimento. Se você juntar cinema, música e até a industria farmacêutica, juntas, perdem para a indústria de jogos de lavada. Existe mais demanda por jogos do que empresas de jogos no mundo. Só existem umas 5000 empresas senão me engano. Se você ver só tem em torno de 180 jogos na live para download. Não sei dizer quantos títulos existem no mundo, mas as pessoas querem mais jogos e mais entretenimento. Uma coisa que as pessoas não sabem é que nós fomos a primeira empresa no Brasil a desenvolver jogos pra XBOX e PS3 e comercializar e acredite ainda somos a única. Na america latina só tem mais uma não me lembro se é no chile ou na argentina.”


Grupo:

9. Quais eram as suas metas? Qual era o seu estilo de vida ou outras necessidades pessoais? Como você combinava esta interação?

Thiago Carvalho:

“– Minha meta era criar um jogo e ficar rico com ele. Sempre fui um nerd. Nunca fiz questão de carro, casa, luxo, nem nada. Minha única necessidade era conhecimento e fazer o que gosto. As pessoas gastam seu dinheiro onde não devem nem podem e se isolam. Eu até hoje ando de ônibus, ótimo lugar para conhecer pessoas. Já fui uma pessoa introspectiva, hoje sou muito sociável. Networking é tudo. Meu estilo de vida continua o mesmo, eu faço o que gosto e gosto do que faço.”


Grupo:

10. Como você avaliou a oportunidade em termos dos fatores críticos de sucesso? Da competição? Do mercado?

Thiago Carvalho:

“– Eu achei que o mercado era grande demais para eu não ter sucesso. Existem empresas enormes como Activision, Blizzard, Ubisoft, Microsoft Studios, elas engolem fatias enormes do mercado, mas para mim que sou micro empresário, até o farelo do bolo faz diferença. 1 milhão ou 15 milhões de dólares não faz diferença para essas empresas, mas pra mim muda pelo resto da minha vida.”


Grupo:

11. Qual espécie de planejamento você fez? Que espécie de financiamento você teve?

Thiago Carvalho:

“– Sinceramente eu não gosto de planejar demais, planejar demais faz a gente até se frustrar porque nunca sai como queremos, ter que cortar características do jogo por conta de custo, orçamento e tempo. Entendo muito disso pela minha formação e certificações de gestão. Mas sinceramente, muito desses conhecimentos eu não utilizo, porque na prática queremos fazer um bom jogo, um jogo divertido, memorável, e é o que importa. Ganhamos o programa PRIME, que nos foi dado dinheiro de subvenção, fiquei feliz na época, mas depois do processo só foi stress, muita burocracia que fez a gente perder 2 anos. Preferia mil vezes não ter feito, e nunca mais faço.”


Grupo:

12. Você teve um Projeto de Negócios inicial, de qualquer espécie? Conte-nos a respeito.

Thiago Carvalho:

“– Tive que fazer um plano de negócios para entrar na incubadora e participar do programa PRIME. Moral da história: Joguei no lixo. Você tem que manter as coisas simples e enxutas. Deve agregar valor ao cliente. Hoje utilizo o quadro de modelo de negócios para validar o negócio, e técnicas como customer development, design thinking para agregar valor real de diversão, crio metas SMART e missões semanais. Faço uma lista de tarefas diária e tento mata-las. Já mencionei nossos mantras?”


Grupo:

13. Quanto tempo levou da concepção do negócio ao primeiro dia de trabalho? Quantas horas por dia você empenhou nesta tarefa?

Thiago Carvalho:

“– Sinceramente não me lembro, quero esquecer esse passado sombrio (risos). Hoje faço tudo em poucas horas com BMC, Design Thinking, Customer Development, Lean Startup, etc. As vezes mapeio processos pra melhoria deles com BPMN. Você pode jogar tudo isso que to falando no lixo, nada melhor que uma TO-DO LIST simples com o planejamento diário! E uma revisão! Se tem que fazer uma coisa faça agora! Não perca muito tempo com planejamentos, priorizações, alocações de recursos, ou estimativa de tempo, etc. Jogue tudo em um balde, e comece a fazer! A vantagem do meu negócio é que só preciso de capital intelectual.”


Grupo:

14. Qual foi o capital necessário? Quanto tempo levou para alcançar um fluxo de caixa positivo e o ponto de equilíbrio no volume de vendas? Se você não tinha dinheiro suficiente na época, quais foram as maneiras que encontrou para financiar o negócio? Conte-nos a respeito das crises e pressões sofridas durante os primeiros períodos de sobrevivência.

Thiago Carvalho:

“– A princípio gastamos muito dinheiro com pessoal. Tanto que os sócios estavam pelo dinheiro e foi desfeita a sociedade. Eu achei as formas de financiamento muito burocráticas e desisti, só me atrasaram. Resolvi fazer na marra mesmo. Com a cabeça e as mãos. Trabalhei e trabalho como professor até hoje, peguei parte da minha grana e comecei a pagar um estagiário de arte, já que até hoje não consigo um sócio artista bom, e passei a terceirizar os efeitos sonoros e música. Tive períodos de depressão e desânimo, com os projetos que morreram ao longo dos anos, mas quando o sonho é forte a gente supera. Especialistas vão dizer que foi falta de planejamento, eu digo que é falta de cultura das pessoas que não se envolvem, são preguiçosos!” 


Grupo:

15. Qual ajuda externa você teve? Você teve conselheiros? Advogados? Contadores? Especialista sem impostos? Em patentes? Como você desenvolveu essas “redes” e quanto tempo isto levou?

Thiago Carvalho:

“– O PRIME utilizou 60% do financiamento para consultorias, para nós foi um baque pois achávamos que receberíamos os 100%. Sem contar que só recebemos 50% do valor total. Tudo isso começou a da desanimo logo de cara. Depois foi uma burocracia danada com papelada. Aquilo me deu uma experiencia incrível, que eu não precisava pra ser sincero. Nenhuma consultoria me serviu de nada. No fim, eu aprendi tudo sozinho.”


Grupo:

16. Qual era a situação de sua família na época? (Casado, tinha apoio, compreensão?)

Thiago Carvalho:

“– Tinha esposa e filho, não deu, nos separamos. É difícil equilibrar vida de empreendedor e família, embora seja possível. Tinha o apoio dela, mas chega uma hora que vira cobrança. Foi escolha minha ficar do meu lado.”


Grupo:

17. O que você percebia serem as suas forças? E fraquezas?

Thiago Carvalho:

“– Minha perseverança e vontade era e são minha força maior, fraqueza era ausência de know how para administrar uma empresa, que adquiri com o tempo, minha fraqueza maior foi o desânimo, a preguiça e a depressão. O importante é perceber, admitir, encontrar uma solução e agir.”


Grupo:

18. O que você percebia serem as forças do seu negócio? E fraquezas?

Thiago Carvalho:

“– Força é termos um mercado grande com bastante retorno sob o investimento. Fraqueza é que leva anos pra fazer um jogo, é arriscado demais, e envolve diversas áreas de conhecimento.”


Grupo:

19. Qual foi o seu momento mais triunfante? E o pior?

Thiago Carvalho:

“– Momento mais triunfante foi ganhar o PRIME, o pior momento foi continuar no PRIME, foi as parcerias conquistadas, tive vários momentos bons, até os menores como ver um personagem se comportar como você imaginava. Momento ruim foi a sociedade se desfazer, projetos serem queimados e jogados no lixo!”


Grupo:

20. Você queria ter sócios ou estar sozinho? Por que?

Thiago Carvalho:

“– Queria ter um sócio artista, mas por algum motivo não encontrei nenhum artista com mente empreendedora, parecem um padrão deles serem desleixados (risos – sem ofensas). Mas atualmente estou sozinho, já tive 5 sócios, e só vi quanto mais enxuto melhor para tomada de decisão.”


II. Uma vez que você colocou a empresa em marcha, então…


Grupo:

21. Quais eram as mais difíceis lacunas a preencher e problemas a resolver quando você começou a crescer rapidamente?

Thiago Carvalho:

“– Primeiro a falta de experiência e know how do pessoal que entrava, tive que treiná-los, até aprender que a melhor forma de treinar é treinamentos online. Outros problemas era a mudança de artista, isso mudava completamente o traço, e muitos projetos tinham que ser redesenhados. É difícil ter mão de obra qualificada. A falta de dinheiro também é um problema, recursos humanos é o que mais gasta na empresa.”


Grupo:

22. Quando você procurou pessoas-chave como sócios, conselheiros ou gerentes, existiam atributos ou atitudes pessoais que lhe interessavam especialmente, porque sabia que iam melhor se adaptar a você e que eram importantes para o sucesso? Como você os encontrou?

Thiago Carvalho:

“– Sim, muitos deles tinham habilidades desejadas como know how básico, mas não tinham comportamento empreendedor, eu só vim perceber isso muito tarde. Comportamento e habilidades podem ser mudados e treinados, mas somente se a pessoa tem o comportamento de querer mudar e querer aprender. Muitos querem aprender, mas só querem, poucos desejam mudar, mas não mudam. Então maior dificuldade que tenho é encontrar pessoas com o perfil adequado. Não só há a falta da mão de obra qualificada como falta comportamento e atitude. Hoje já sei traçar o perfil, até o momento não encontro sócio adequado embora eu deseje um. O Brasileiro foi condicionado a pensar no quadrado, estão inconscientes, foram ensinados a pensar assim e interpretar papéis, papel de casado, de marido, de esposa, de filho, de mãe, de estudar, de trabalhar e passar em concurso, é triste! Posso dizer sem erro, a vida de todo mundo, é tudo igual! Menos de quem empreende.”


Grupo:

23. Existe algum atributo ou característica relativas a sócios ou conselheiros que você definitivamente tenta evitar.

Thiago Carvalho:

“– Sim. Evito pessoas que só estão pelo dinheiro. Evito pessoas muito engessadas, inflexíveis, exigentes, orgulhosas e autoritárias. Evito também pessoas que sempre concordam comigo, de 10 sócios, para quer ter os outros 9 se todos concordam comigo?”


Grupo:

24. As coisas ficaram mais previsíveis? Ou menos?

Thiago Carvalho:

“– Mais previsíveis. Embora cada projeto nosso é um mundo totalmente diferente.”


Grupo:

25. Você gasta mais, menos ou mesmo tempo com o seu negócio agora, do que no início ou nos primeiros anos?

Thiago Carvalho:

“– No começo gastava muito do meu tempo, era o primeiro a chegar e o último a sair, depois conseguir ter muito tempo, mas a distância ocasionou problemas, ideal é que você esteja sempre presente pra vaca engordar. Nem gastar muito tempo, nem pouco tempo.”


Grupo:

26. Você se sente mais gerente e menos empreendedor agora?

Thiago Carvalho:

“– Continuo empreendendo, tento manter as coisas simples, gerencio só o que é realmente necessário.”


Grupo:

27. Em termos de futuro, você pretende realizar o seu capital? Manter o negócio? Expandir?

Thiago Carvalho:

“– Pretendo ser investidor. Mas não pretendo expandir muito, já tive experiências com equipes maiores, e aconteceu mais gargalos do que acelerar o processo, pretendo expandir apenas financeiramente, quando a casa fica grande demais o coração fica pequeno.”


Grupo:

28. Você planeja aposentar algum dia? Explique, por favor.

Thiago Carvalho:

“– Não. Continuarei a fazer jogos sempre. Perderia o prazer de viver.”


Grupo:

29. As suas metas mudaram? Você as realizou?

Thiago Carvalho:

“Toda vez que cumpro uma meta ou fracasso em uma meta. Crio uma nova ou melhoro ela.”


Grupo:

30. A situação da sua família mudou?

Thiago Carvalho:

“– Diria que meu conceito de família mudou.”


Grupo: (Pergunta de Observação)

O grupo ao tentar entrar em contato com a empresa verificou que os seus endereços eletrônicos tanto como site, e-mail e redes sociais estão desatualizados. Oque nos fez pensar a princípio que a empresa tinha deixado de existir. Esse fato não dificulta na obtenção de novos clientes? Como está hoje a estrutura de marketing de sua empresa?

Thiago Carvalho:

“– O que ocorreu foi que o domínio caiu, e a empresa terceirizada tem um péssimo atendimento o que está demorando no retorno do domínio. Dificulta sim, a cada dia perdemos novos clientes que deixam de ver nosso trabalho, isso provoca um prejuízo enorme. Então resolvemos mudar o serviço e a empresa terceirizada estar empacando.”


III. Perguntas para finalizar


Grupo:

31. O que você considera ser o seu mais valioso patrimônio – a coisa que permitiu que você tivesse sucesso?

Thiago Carvalho:

“– Coração. Trabalhar com isso é muito relevante pra mim, é meu sonho da vida, criar personagens que ficarão marcados na história e você se tornar o protagonista, fazer parte dessa história e interagir com eles.”


Grupo:

32. Se você tivesse que fazer tudo de novo, faria da mesma forma?

Thiago Carvalho:

“– Não. Faria melhor!”


Grupo:

33. Algumas pessoas dizem que existe muito stress na vida de um empreendedor. Qual é a sua experiência? Como você compararia com outros empregos difíceis, tais como diretor de uma grande empresa ou sócio de uma grande firma de advocacia, consultoria ou contabilidade?

Thiago Carvalho:

“– Stress para quem percebe assim. Eu me divirto. Eu tenho asas empreendendo. Eu voo e cresço bem mais rápido que qualquer emprego difícil. Abomino advogados, consultoria burocráticas e contabilidade. Ou hierarquias. Eu mantenho as coisas simples, meu custo é y, ganho x, x-y = meu lucro. Faço o que gosto.”


Grupo:

34. Quais são as coisas que você julga mais gratificantes e recompensadoras na atividade de empreendedorismo? Quais têm sido as recompensas e riscos?

Thiago Carvalho:

“– É criar! Criar é uma arte maravilhosa. E do jeito que você quer. Ninguém mandando em você. Você ganha asas e vôa cara! Recompensas é o prazer e o dinheiro consequência. Riscos é os projetos quando dão errado e você perde um tempo, dinheiro e energia enormes, tendo risco até de falir. Minha sorte é que acima do capital tem o intelecto. O Brasileiro tem medo de falhar, eu não tenho medo de começar do zero, eu já falhei com 4 projetos. Dizem que em média um empreendedor de sucesso fale 3 vezes, eu já superei esse número de falha de projetos, só não fali.”


Grupo:

35. Quem deveria tentar tornar-se um empreendedor? Você pode me dar alguma ideia sobre isto?

Thiago Carvalho:

“– Todo mundo! Era pra ensinar desde a barriga, diria mais desde o coito nascemos correndo em busca da vida. Empreender faz mover a economia, libertar pessoas de um pensamento engessado e automatizado. Passamos a vida em busca da felicidade, mas a felicidade é um estado de espírito, ou humor para você compreender melhor. Cria razões de viver! Prazer e Felicidade! “


Grupo:

36. Qual conselho você daria a um aspirante de empreendedor? Você poderia relatar as três lições mais importantes que aprendeu? Como posso aprendê-las, minimizando o ensino?

Thiago Carvalho:

“– Faça isso agora! Mantenha as coisas simples! Melhore sempre! ”

“Delegue! Desenvolva competências! A auto-motivação vem de dentro pra fora! Energize-se! Alinhe as restrições! ”

“Falhar é experiência! Sucesso é resultado! Riqueza é consequência! O que importa é o prazer de fazer o que gosta! ”

“Aprenda fazendo e vivendo! Livros, consultorias, cursos, treinamentos, etc.” “Podem ti dar ideias, mas não vão ti ensinar na prática a coisa. ”

“E não acredite em sorte, faça sua sorte! ”


AGRADECIMENTO


Grupo:

O nosso grupo gostaria de agradecer-lhe infinitamente pelo tempo que nos foi concedido. Espero que esta entrevista não tenha sido totalmente inútil para você e que tenha sido um momento de reflexão.


Thiago Carvalho:

“– Eu agradeço enormemente por poder compartilhar minha história com vocês de infinitos fracassos (veja isso como experiência) e vitórias, ainda há muito mais por vir, vocês ainda têm muito que ouvir sobre nós. Espero ter respondido de forma completa todas as perguntas. Foi totalmente útil essa entrevista, foi um momento de muita reflexão e saber que cada gota de suor derramada está valendo a pena! Precisando pode contar! Qualquer dúvida estamos aí!”


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